O mundo corporativo, todos sabemos, é complexo, ambíguo, inseguro, vulnerável, competitivo e cheio de armadilhas. Sabemos também que a sobrevivência neste universo exige não apenas talentos incomuns, liderança inquestionável, alto nível de preparo e carreira profissional exemplar e inspiradora, entre inúmeras outras habilidades.
Sabemos também por estudo e experiência que não existem homens ou mulheres perfeitos. Todos têm seus defeitos e vulnerabilidades. Todavia, é preciso ficar atentos a possíveis deslizes que podem arrastá-los para o mal e o abismo. O apóstolo maior da cristandade, São Paulo, ao observar o comportamento de homens e mulheres na Roma Antiga, escreveu: “Não há um justo, nem um sequer. […] Todos se extraviaram.” Essa observação não difere em nada do que acontece em nossos dias, talvez muito piores.
Essa visão paulina difere totalmente da crença dos filósofos racionalistas que diziam: “O homem é bom por natureza. É a sociedade que o corrompe.” Sim, é uma verdade irrefutável: Deus criou o homem perfeito – a sua imagem e semelhança. Todavia, ele caiu em desgraça quando não obedeceu às regras de Compliance do Éden: “… do fruto da árvore que está no meio do jardim, disse Deus, dele não comereis, nem tocareis nele, para que não morrais.”
As consequências da violação das regras de compliance foram terríveis: a maldição da terra, sofrimento e a própria morte.
No contexto corporativo, a história se repete em outros formatos. Recentemente, três executivos de um grande banco nacional foram apanhados “com a mão na butija” e demitidos da organização por não respeitarem as regras de Compliance. Esses casos são exemplos vivos de como a falta de integridade pode comprometer não apenas carreiras brilhantes, mas também a reputação e a estabilidade de grandes corporações.
Jordan B. Peterson, renomado professor e palestrante mundialmente conhecido, em sua obra 12 Rules for Life: An Antidote to Chaos (2018), escreveu que o homem, para aliviar o peso dessa condenação, procura valer-se do prazer, seguir seus instintos, viver para o momento, fazer o que lhe é conveniente — mentir, trair, furtar, enganar, manipular etc. A quebra das regras de Compliance corporativa pode englobar um ou mais desses atos.
Imagine um Boeing 380 a onze mil metros de altura enfrentando uma severa turbulência. O Compliance é a bússola e o mapa de voo que asseguram que o avião siga seu curso em total segurança, mesmo enfrentando uma prolongada turbulência. Sem ele, o risco de acidente é grande ou inevitável.
Portanto, o Compliance não é apenas um conjunto de regras burocráticas, mas o alicerce da integridade corporativa, o que mantém indivíduos e organizações no caminho certo, mesmo diante das maiores tempestades.
Redigido e Postado por Gutemberg B de Macedo, Presidente da Gutemberg Consultores