Por Gutemberg B. de Macedo
No mundo corporativo, o sucesso é frequentemente medido por números: metas alcançadas, resultados expressivos e ascensão rápida na carreira. O que raramente entra nessa equação é o custo emocional e psicológico dessa busca incessante por performance. Por trás de cargos de liderança, agendas lotadas e decisões estratégicas, existe um lado oculto que poucos estão dispostos a encarar: o impacto da ambição desenfreada na saúde mental.
Casos de executivos que sucumbiram à pressão extrema têm se tornado mais comuns, embora raramente discutidos abertamente. O suicídio de Pierre Wauthier, CFO do Zurich Insurance Group, em 2013, foi um alerta silencioso para o mundo corporativo. Sua carta de despedida mencionava a pressão insustentável que enfrentava, revelando uma realidade dura: nem mesmo altos salários ou cargos de destaque protegem contra o colapso emocional.
Outro caso emblemático foi o de Thierry Leyne, banqueiro e parceiro de Dominique Strauss-Kahn, que tirou a própria vida em 2014. Apesar do aparente sucesso, Leyne enfrentava desafios financeiros e um estresse crônico, mascarados pelo brilho do seu status profissional.
No Brasil, o caso de Ricardo Boechat, renomado jornalista e executivo de comunicação, trouxe à tona a discussão sobre o impacto do estresse e da sobrecarga na saúde mental, apesar de sua morte ter sido resultado de um acidente. Boechat era conhecido por sua rotina intensa e alto nível de exigência profissional, fatores que levantaram debates sobre o limite entre dedicação e exaustão.
Outro exemplo é o de Alan Lopes, executivo do setor financeiro, que tirou a própria vida após enfrentar uma combinação de pressão profissional extrema e desafios pessoais. Seu caso destacou a necessidade urgente de apoio psicológico no ambiente corporativo brasileiro.
Essas histórias mostram que o fracasso não é o único gatilho para crises de saúde mental. O sucesso, quando não acompanhado de equilíbrio emocional, pode ser igualmente devastador.
A ambição é um motor poderoso para o crescimento profissional. No entanto, quando desprovida de autoconhecimento e equilíbrio, transforma-se em um fardo. O paradoxo reside no fato de que a mesma ambição que impulsiona ao topo também pode isolar, gerar ansiedade e exaustão.
Um estudo da Harvard Business Review destacou que 50% dos CEOs relatam sensação de solidão intensa, e 61% acreditam que isso impacta negativamente sua performance. A solidão do topo é real e muitas vezes acompanhada de uma cultura empresarial que valoriza a resiliência inabalável, criando um ambiente onde vulnerabilidades são vistas como fraqueza.
No dia a dia corporativo, sinais de alerta são frequentemente ignorados ou minimizados:
· Mudanças bruscas de comportamento;
· Irritabilidade constante;
· Isolamento social e profissional;
· Abuso de substâncias para lidar com o estresse;
· Fadiga crônica e insônia.
Executivos são treinados para resolver problemas externos, mas raramente são preparados para lidar com crises internas. O estigma em torno da saúde mental ainda é um obstáculo para que muitos busquem ajuda.
Empresas que valorizam a saúde mental não o fazem apenas por altruísmo, mas também por entenderem o impacto direto na produtividade e na sustentabilidade dos negócios. Iniciativas como programas de bem-estar, coaching emocional e políticas de prevenção ao burnout são essenciais.
O líder moderno precisa ir além dos KPIs e resultados trimestrais. É fundamental criar uma cultura de apoio, onde pedir ajuda não seja um sinal de fraqueza, mas de coragem. Como disse Sheryl Sandberg, COO do Facebook:
“Falar sobre suas fraquezas é um ato de força, não de fragilidade.”
O lado oculto da ambição não deve ser um tabu. Precisamos falar sobre saúde mental com a mesma naturalidade com que discutimos estratégias de negócio. O verdadeiro sucesso é aquele que não custa a própria paz.
Se você é um executivo ou profissional em uma posição de alta pressão, lembre-se: buscar apoio é uma decisão estratégica para a sua vida. Afinal, liderar não significa carregar o mundo sozinho, mas saber onde buscar suporte quando necessário.
Por outro lado, gostaria de lembrá-los que o seu corpo é um vaso criado por Deus a fim de você abrigar a sua alma, bem como torná-la o Santuário de Deus. Portanto, vocês não têm o direito de maltratar o corpo e a mente. Se os meus leitores violarem essa questão, eles pagarão um altíssimo preço, tanto aqui na terra como nos céus. Daí a pergunta feita por Cristo: “De que adianta o homem ganhar o mundo e perder a sua alma?”