Por Gutemberg B. de Macedo
“Seja extremamente sutil, tão sutil que ninguém possa achar qualquer rastro. Seja extremamente misterioso, tão misterioso que ninguém possa ouvir qualquer informação. Se você puder agir assim, então. Poderá celebrar o destino do inimigo em suas próprias mãos”.
Sun Tzu, general, estrategista e filosofo chinês
Todo profissional ao ingressar em uma organização privada ou pública aspira adquirir poder. Todavia, é bom advertir: “O poder não lhe será conferido pelo brilhantismo de seu cérebro, de seu preparo intelectual, de sua competência ou de qualquer outra virtuosidade. O poder somente chega ás mãos do profissional que o procura com afinco e muita determinação. Eu, particularmente, nunca encontrei um profissional que tenha conquistado o poder sem que o tenha procurado e perseguido. Além disso, é preciso que comece a jogar o jogo do poder no seu primeiro dia de trabalho.
Todo profissional sabe que quando ele ingressa numa nova organização a alta administração o questiona e testa a fim de saber o seu grau de competência, assim como sua capacidade de liderar equipes e obter resultados superiores. Seus pares e subordinados usarão da mesma régua para aferir o seu grau de preparo para o pleno exercício da posição ocupada. Todos indagam: de onde ele veio, qual é a sua formação e conhecimento do nosso negócio, ele é um líder moderno ou um gestor ultrapassado, ele é de fácil acesso ou uma peça fechada, formal ou informal, entre inúmeros outros questionamentos.
Cada indagação será um teste; cada indagação, uma prova. Sem maldade, suponho, é claro, mas também sem nenhuma benevolência. Como escreveu Daniel Jouve, “Diante de um novato, todos têm grandes agulhas para transpassa-lo, a fim de sondar e determinar de que estofo ele é feito”.
Face a essa realidade, você deve evitar todos os esforços possíveis para causar uma primeira boa impressão logo no seu primeiro minuto de trabalho em nova empresa. Você deve impressionar a todos na organização, evitar qualquer tipo de deslize e atrito; ouvir mais do que fala e fazer o seu trabalho da melhor maneira possível. Se você não obtiver o respeito de sua comunidade de trabalho nos primeiros instantes fatalmente sofrerá revezes e jamais conquistará o poder. Portanto, lembre-se sempre desse conselho: “Devote o seu tempo à realização de projetos importantes e que o tornarão distinto. Mostre que você tem uma concepção elevada de sua função e da maneira como deseja cumpri-la, estabelecendo relações amigáveis, porem exigentes, com todas as pessoas; deixe claro que sua concepção das relações sociais alia o respeito pelo outro à afirmação da autoridade”.
Autoridade o que você deseja ter. Como todo profissional que ingressa em nova organização, você é beneficiado com capital seguro de autoridade. Se você, caro leitor, souber faze-lo frutificar, ela se torna um valor inestimável. Todavia, se não souber usá-lo a desperdiçara rapidamente.
Caro leitor, lembre-se que a sua reputação é a pedra angular do poder e da autoridade. Aqui vale repetir as palavras singulares de Robert Green, historiador norte-americano: “A sociedade anseia por figuras maiores que a vida, pessoas que estão acima da mediocridade geral”.
Há duas maneiras infalíveis de desperdiçar seu capital de autoridade. Em minha longa jornada vi-as em curso. Vi-as também destruir muitas carreiras. A primeira é gastá-lo diariamente, assediando moralmente subordinados indefesos. A segunda é investir num projeto duvidoso ou em uma causa ruim. Isto é, sem nenhum retorno positivo.
Pelo contrário, você aumentará esse capital se souber investi-lo em batalhas seguras, cujo tema e momento você escolheu e cujo sucesso fará com que os colaboradores da empresa queiram trabalhar lado a lado com você.
Diariamente ao longo de sua carreira você se deparará com novas batalhas e novos adversários. Portanto, se você ambiciona o poder, tenha em mente os seguintes pontos:
- Escolha as suas batalhas com inteligência e sabedoria. Respeite os seus adversários. Não ofereça-lhes motivos para destruí-lo. Lembre-se da batalha do gigante Golias e o jovem Davi narrada nas Sagradas Escrituras.
- Procure compreender os motivos ocultos das pessoas. De certa forma o que distingue os humanos dos animais é a sua capacidade de fingir, mentir e enganar. Todos os seres humanos têm um lado obscuro. É bem provável que você já tenha escutado essa expressão: “Como eu pude viver ou trabalhar por tanto tempo com essa pessoa e não tê-la conhecido”? Conhecer a natureza humana é o maior conhecimento de que se necessita para conquistar o poder. Inspire-se no pensamento do filósofo, estrategista e general chinês, Sun Tzu, quando disse: “Se você conhece o inimigo e conhece a si mesmo, não precisa temer o resultado de cem batalhas. Se conheces a ti mesmo, mas não conhece o inimigo, para cada vitória ganha sofrerá também uma derrota. Caso não conheça nem o inimigo nem a si mesmo perderá todas as batalhas”.
- Procure identificar os seus adversários nos primeiros momentos após seu ingresso em sua nova organização. Não subestime esse fato. Você sempre os terá ao seu redor. O próprio Cristo em seu discipulado teve um. Judas, que o traiu. Eis o motivo: “Quando você revela à sua organização os seus talentos, sua competência, preparo e superioridade sobre determinados adversários, você naturalmente desperta todo tipo de ódio, inveja, ressentimento, fofocas entre outros sentimentos negativos e destrutivos”.
- E, por ultimo, lembre-se que quando você entra em uma nova empresa/ambiente, sua tarefa mais importante é escutar e aprender o máximo possível sobre as pessoas, à missão da organização e os negócios. Para atender a esse proposito, como ensina a sabedoria convencional gerencial, “você deve voltar a um sentimento infantil da inferioridade – a sensação de que os outros sabem muito mais do que você”. Nas palavras do político e filosofo chinês, Confúcio, “O maior prazer de um homem sábio é se passar por tolo diante de um tolo que quer se passar por sábio”.