Na década de oitenta, servi a uma grande empresa global, cujo presidente era temido por todos na organização. Seus colaboradores diziam que, quando ele viajava à Matriz e telefonava para seus diretores, as paredes do escritório em São Paulo tremiam.
Felizmente, essa geração de presidentes está pouco a pouco, sendo varrida do mapa corporativo. Eles não têm mais espaço e nem vez.
Apesar dessa mudança radical, muitos colaboradores sofreram com abuso de poder e à força de seus pseudos líderes.
Ao analisar o comportamento humano atualmente, observei que há dois caminhos para se exercer a liderança sobre as pessoas:
- Forçá-los a agir contra seus interesses pessoais — manipulando-os pela imposição e pelo medo.
- Liderá-las por meio da inspiração, do exemplo e do convencimento.
No primeiro caso, o assédio moral é uma realidade inequívoca. Esse comportamento conduz ao mais completo desapontamento e frustração, como evidenciado em declarações como: “Não aguento mais essa estupidez e grosserias. Vou jogar a toalha no chão e solicitar minha demissão.”
O segundo modelo de liderança, por sua vez, baseia-se na sabedoria, na experiência e no respeito à individualidade das pessoas. Líderes de competição entendem isso e agem de maneira alinhada a esses princípios.
Já líderes inseguros, autoritários e fracos tentam proteger suas posições e preservar suas preferências de maneira que lhes permitam alcançar grandeza as custas de seus colaboradores. Para esses líderes fracos, “manter o poder” , como escreveu Don Schmincke, presidente da Methods International, em The Code of the Executive (1997), “em relação aos colaboradores é mais importante do que prepara-los poderosos.
A liderança é um privilégio, não uma arma. Em tempos de constante transformação no mundo corporativo, a forma como conduzimos nossas equipes pode determinar não apenas os resultados do negócio, mas também o impacto que deixamos nas pessoas. Você já refletiu sobre a maneira como exercer sua autoridade?
Como disse Voltaire, filósofo Francês – “Com grandes poderes vêm grandes responsabilidades.”
O verdadeiro líder constrói pontes, não muros. No entanto, muitos, ao alcançarem cargas de destaque, esquecem que liderar não é importante, mas inspiram. Um ambiente corporativo opressor corrói a cultura organizacional, mina o engajamento dos colaboradores e cria uma atmosfera de medo — o oposto do que qualquer empresa bem sucedida deseja.
Se você deseja ser um líder respeitado e não temido, reflita sobre suas atitudes. Eis alguns comportamentos que caracterizam um opressor no ambiente corporativo:
- Autoritarismo disfarçado de liderança – Se sua palavra é sempre a última, há um problema.
- Desprezo pelo bem-estar dos colaboradores – Pessoas não são robôs; resultados provenientes do engajamento genuíno.
- Falta de escuta ativa – Ignorar sugestões ou não permitir que questionamentos sufoquem a inovação.
- Microgerenciamento extremo – Controlar cada detalhe reduz a autonomia da equipe e aumenta talentos.
- Ausência de empatia – Um líder deve compreender que cada colaborador tem desafios e limitações.
“Um líder é melhor quando as pessoas mal sabem que ele existe. Quando seu trabalho está feito, elas dizem: ‘Fizemos isso nós mesmos’.” – Lao Tsé
O sucesso de uma organização não se mede apenas pelos números, mas pelo respeito e compromisso que seus líderes cultivam. O que faz um verdadeiro líder?
- Crie um ambiente seguro para a equipe – Onde há respeito, há inovação.
- Desenvolver pessoas, não apenas metas – Uma empresa cresce quando seus colaboradores evoluem.
- Inspira, em vez de intimidar – O medo gera obediência momentânea, mas nunca lealdade.
- Escuta mais do que fala – Um bom líder sabe que o aprendizado vem de todas as maneiras.
- Reconhece o valor do tempo – O sucesso nunca é fruto de uma única pessoa.
Uma posição de liderança não é um pedestal, mas um campo de serviço. O verdadeiro poder de um líder não está na sua capacidade de exigência, mas na habilidade de transformar vidas e carreiras.
Caro leitor, sua equipe o vê como um guia ou como um obstáculo? Seu impacto é motivador ou esmagador? No final das contas, o tipo de líder que escolhemos será determinado o tipo de legado que deixamos.
O que você está construindo no ambiente corporativo: uma cultura de crescimento ou um império do medo?
Redigido e Postado por Gutemberg B de Macedo, Presidente da Gutemberg Consultores