Há várias décadas, escrevi: “Profissionais de primeira classe recrutam profissionais de primeira classe. Profissionais medíocres recrutam, preferencialmente, profissionais medíocres. Se, todavia, estes por engano recrutam profissionais de primeira classe, acabam por transformá-los em profissionais de terceira classe.”
Baltazar Gracián, há cinco séculos, escreveu: “Felicidade dos poderosos fazer acompanhar-se de pessoas de profundo entendimento que os livrem de qualquer apuro do saber, que lhes solucionem as pendências das dificuldades. Grandeza singular servir-se de sábios, bem melhor que o gosto bárbaro de Tigrares, aquele que se compraria em ter reais por criados.”
Infelizmente, ainda hoje encontramos gestores que preferem recrutar “Patos mansos, obesos e incapazes de voarem” a águias.
Os motivos alegados para tal comportamento são variados: este candidato é muito caro; não temos cacife para contratá-lo; este candidato é overqualified; eu não vou criar cobra sob meus pés para me picar.
Sim, o profissional águia amedronta gestores medíocres porque eles estão habituados a conviver com “Patos mansos, gordos e que não sabem voar.”
Se você quer transformar sua empresa em uma referência de mercado, precisa entender uma lição fundamental:
Equipes extraordinárias são formadas por líderes extraordinários. Equipes medíocres são lideradas por líderes medíocres.
É impossível construir resultados grandiosos apenas com talentos medianos. As águias — aqueles profissionais que pensam grande, voam alto e lideram transformações — são cada vez mais disputadas no mercado. E atraí-las e recrutá-las exige talento, competência, preparo, experiência e capacidade para entender e ler a alma humana. Daí porque a seleção e o recrutamento não podem ser confiados a profissionais inexperientes. É preciso o envolvimento de líderes seniores.
O sucesso de uma organização está diretamente ligado à capacidade de atrair, identificar e desenvolver gente que quer mais, faz mais e inspira mais.
Mas afinal, como recrutar águias? A seguir, compartilho pontos essenciais para formar equipes de alta performance, compostas por quem realmente faz a diferença.
1. Crie uma cultura que desafie, inspire e recompense o talento
Águias não se interessam apenas por salários. Elas buscam propósito, autonomia e desafios reais.
Sua empresa oferece oportunidades de crescimento? O ambiente valoriza inovação e iniciativa? Existe clareza de missão e propósito?
Organizações previsíveis e engessadas espantam as águias. Empresas dinâmicas, meritocráticas e inspiradoras as atraem.
2. Recrute pela atitude, não apenas pelo currículo
Diplomas impressionam. Experiências anteriores também. Mas para identificar águias, olhe além.
Procure por: mentalidade de dono, resiliência frente a adversidades, capacidade de aprendizagem rápida, desejo de construir e impactar.
O currículo mostra o que a pessoa já fez. A atitude revela o que ela ainda pode fazer.
3. Faça perguntas que testem visão, coragem e valores
Durante o processo seletivo, evite apenas perguntas técnicas. Desafie a visão de futuro do candidato.
Alguns exemplos: “O que você faria se pudesse reinventar este setor?” “Qual projeto da sua vida mais te tirou da zona de conforto?” “Conte um erro seu que virou aprendizado duradouro.”
Águias não têm medo de sonhar, errar, ousar e recomeçar.
4. Tenha líderes que sejam águias
Águias não seguem patos. Elas seguem outras águias.
Se a liderança da empresa não inspira, não desenvolve e não desafia, os talentos de alto potencial irão procurar outro lugar para voar.
Invista na formação de líderes que: sejam exemplo de ética e excelência, desafiem e apoiem seus times, reconheçam méritos genuinamente.
5. Entenda que águias querem ser protagonistas
Profissionais excepcionais não aceitam ser apenas ‘mais um número’. Eles querem projetos relevantes, espaço para inovar, ambiente para crescer.
Dar asas às águias é o segredo para retê-las. Isso implica confiar, delegar, reconhecer e criar um ambiente onde o mérito é visível e recompensado.
Conclusão: Sua empresa é uma montanha ou um curral?
Águias não vivem em currais. Elas escolhem montanhas altas, abertas, com espaço para voar.
Se você deseja atrair as melhores mentes, pergunte-se: minha empresa inspira ou limita? Nossa cultura desafia ou acomoda? Temos projetos que brilham os olhos de quem quer fazer história?
Lembre-se: não basta querer águias. É preciso ser o tipo de organização que elas desejam habitar.
Gutemberg B. de Macedo
Mentor de executivos, escritor e defensor da liderança que transforma ambientes, inspira pessoas e constrói futuros sustentáveis.